Viajar - Uma busca de sentido para a vida
Prazer, poder ou busca de sentido para a vida?
No século passado, três grandes expoentes da psicologia de Viena tornaram-se famosos por seus pensamentos: Freud, Adler e Frankl.Freud acreditava que o homem era movido por impulsos em busca do prazer. Adler pensava que estes impulsos tinham um objetivo principal: o poder. Frankl, por sua vez, defendia que o ser humano se move na busca de sentido, condicionado pelo prazer e pelo poder, mas dotado de liberdade de escolha e não dominado por impulsos.
Viktor Frankl, psicoterapeuta existencial criador da Logoterapia (terapia centrada na busca de sentido), diz que os caminhos de descoberta para o sentido da vida podem ser criativos, vivenciais ou atitudinais. Os criativos são aqueles capazes de oferecer algo ao mundo, como escrever um livro, fazer um filme, compor uma música. Os vivenciais ocorrem quando, além de dar, descobrimos que podemos receber algo do mundo, como amar alguém, contemplar a natureza ou a arte. Os atitudinais são sentimentos ou disposições internas diante de situações irreversíveis, como a morte, a culpa, a dor.
Ele complementa dizendo que o homem é responsável pela própria vida. Desta forma, ele não deve esperar da vida a realização de seus desejos e necessidades, e sim ser ativo nesse processo de busca. Como efeito colateral temos a felicidade.
Recentemente, estive no hospital fazendo uns exames e levei um livro para ler entre um exame e outro, que fala sobre Mindfulness. Uma técnica de meditação que está sendo muito difundida no ocidente. Durante minha estada no hospital, tive a oportunidade de entender na prática alguns princípios da técnica (nada é por acaso, não é mesmo?) ao ser informada pelo médico que teria que fazer uma ressonância magnética (uma das minhas fobias). Nessa hora, lembrei-me de Frankl, e de seu livro "Em Busca de Sentido", onde ele relata a sua experiência em um campo de concentração durante a Segunda Grande Guerra. Sua teoria, com o que havia lido no livro sobre Mindfulness, foram o recurso por mim adotado para superar a angústia de entrar por 30 minutos naquela bendita máquina.
E o que tudo isso tem a ver com viajar?
Viktor Frankl fala da capacidade de se encantar através da contemplação. E Mindfulness fala da contemplação como recurso meditativo. Quando entrei na máquina, pensando nisso, procurei fixar a minha mente em algo da natureza que me trouxesse bem estar. Na mesma hora, lembrei-me da emoção sentida nas estradas da Toscana, da vastidão daquelas terras ora dominadas por campos de girassóis, ora por oliveiras. Ora com kms a perder de vista de vinhedos, ora com campos de feno.Depois, minha mente viajou para Monte Verde - MG, a cidade que nossa família mais ama e costuma ir todos os anos. As araucárias, o visual quando chegamos na pedra do Chapéu do Bispo após uma bela trilha, o porta retrato da janela na pousada que costumamos ficar.
O barulho da máquina aumentava e minha mente, de olhos fechados (porque prometi pra mim mesma que só abriria qdo saísse de lá), viajava para as duas jabuticabeiras que marcaram a minha infância na casa da minha tia-avó em São Carlos - SP, onde passei muitas férias em família.
E assim foram, imagens e imagens de experiências com viagens atuais e antigas, que transportavam para um tempo no passado, juntamente com cheiros, sabores, saudades, alegria, tristeza. Até que a enfermeira disse: D. Priscila, o exame terminou.
Naquele momento, descobri que o repertório que adquiri nas minhas viagens, contemplando a natureza, fizeram com que eu desse conta de algo que a vida toda me assombrou. E me trouxeram a paz e tranquilidade que eu precisava para tal.
Posso assim dizer que as minhas experiências vivenciais com viagens, são partes de mim extremamente importantes quando penso no sentido da minha vida. Pois, é à elas que recorro para descansar, para renovar energias e me conectar com a natureza, para viver experiências incríveis, para conhecer novas culturas e lugares, para reencontrar pessoas que gosto e, inclusive, para me manter firme diante dos momentos de angústia e medo.
Adorei o texto! Vida longa e criativa ao blog!
ResponderExcluirAna Luisa
Muito obrigada Ana Luiza. Um abraço!
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